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Como coletar material corretamente para exame Parasitológico de Fezes

Prezados leitores e amigos! Estou de volta mais uma vez para trazer aquela felicidade matinal ao ler esse artigo. Hoje não me recaiu nenhuma inspiração divina e não teremos nenhum tema bombástico como de praxe. Hoje estou nostálgico e ao som de Legião Urbana na música´´Será´´ em seu refrão que diz: ´´Sera só imaginação?! Sera que nada vai acontecer!? Será que é tudo isso em vao!? Sera que vamos conseguir vencer?!´´ É que escrevo para vocês.

Já falamos de tanto temas super interessantes que da para no mínimo montar uma coletânea e quando a pessoa te perguntar alguma coisa você entregar para ela. Já falamos de forma bem direta e com fotos de 95% dos problemas das aves. Já falamos de coccidiose, ectoparasitas, rouquidão, pivite, sinusite, hepatopatias, supermáquinas de torneio e por aí vai. Por isso a minha nostalgia.. Já lanço o desafio do mês: Enviem sugestões de matérias para meu e-mail, ok. Criticas só construtivas.

Hoje então falarei da maneira correta de se coletar material para exame de fezes. Vejo inúmeros laboratórios hoje que só faltam dar a receita para satisfazer o cliente, mas esquecem de orientar de maneira adequada a coleta. Falaremos sobre a coleta para o exame parasitológico de fezes que é o exame mais simples e que toda ave deve realizar no mínimo 1x ao ano. Já falamos de coccidiose anteriormente.

Então funciona assim. Você compra um pote de MIF na farmácia mais perto. Coleta 3 fezes de manha e 3 fezes a tarde/noite por 3 dias seguidos. O intuito é ter uma variedade de coleta aumentando a probabilidade de umas dessas fezes ter ocorrido eliminação de ovos/oocistos de parasitos, ok. Já vimos também a questão de verminose em aves ne?!

Lacra-se esse pote, identifica e envie para seu laboratório. Ahh.. Dr. na minha cidade não existe laboratório, mas existe correios com certeza ne?! Entao poste pelos correios. Aproveita a oportunidade coloque uma folha branca (papel A4 de impressora) no fundo da gaiola no ultimo dia, espere a ave fazer umas 10 fezes, dobre, identifique e mande junto, pois é legal o veterinário observar as fezes ´´in natura´´.

Fezes com muita ´´agua´´, ou seja, você tem um halo grande de absorção de agua no papel podem significar lesão intestinal normalmente por enterobactérias que vão levar a morte nossos filhotinhos com ate 5 dias de vida.. é bata não tem erro. Aí neste caso além do exame parasitológico de fezes é indicado fazer exame de cultura e antibiograma, ok. E no caso essa mesma folha enviada já servira… a forma varia de acordo com cada laboratório, mas para mim serve.

E quando este halo apresenta-se no tamanho normal porem bem esverdeados. Já vimos que se trata de alguma hepatopatia. Deem uma olhada nas edições anteriores. O aspecto das fezes em si varia muito pouco e podem ter certeza que quando você visualiza sangue nela é que o pássaro esta mais pra lá do que pra cá, ok. Fezes amareladas podem indicar uma pancreatite ou processo inflamatório grave. Observar fezes é uma arte ne!?

Viram como é simples. Não precisa ter nojinho como diria Nascimento. Em termos funcionais você precisa realizar de pelo menos 20% do seu plantel para ter uma significância/relevância prática na avaliação do mesmo, ok. Separe as categorias de idade e os machos das fêmeas. Se possuir poucas aves faça de todas, ok. Isso seria o ideal e poucos criadores o fazem de maneira correta. Infelizmente acham que ter um medico veterinário especializado a disposição é baratinho.. Olha o valor pago por filhotinho de 30 dias e olha quanto o veterinário recebe nesses criadouros. Deixa pra la..

E para economizar o bolso pode-se ainda alocar em cada pote de exame ate 4 animais desde que respeitado os critérios acima, ok. Mas volto a dizer se tem poucos faça individual; ainda mais se for aves de competição ou de alto valor agregado como os galadores e tal..

Ahh e comigo não tem essa frescura de não colocar a mão na ave não. Eu pego mesmo. Pego todas. Eheheh! Existe um momento adequado de pegar a sua ave por mais preciosa que seja. Não sei de onde vem essas lendas. Pássaro que é bom mesmo canta ate na tua mão de raiva. Mas meu Curió esfria.. mentira é porque não sabe pegar e demora uma eternidade para pegar a ave e ainda não sabe conter.. fica apertando a ave com medo de levar bicada.

Voltando aos exames.. outro detalhe interessante é que muitos laboratórios não identificam os coccídeos adequadamente o que não resolve nada para o cliente, pois interfere na escolha do medicamento para o tratamento.

Outro erro fatídico é a escolha das técnicas para a confecção do exame. As técnicas de escolha vão se Willis, Hoffman e principalmente Faust. Se teu laboratório não faz assim peça para que faça ou saia fora.. lógico que isso seria o modelo excelente de exame, mas confesso que nem eu faço muitas vezes o preconizado; muitas vezes porque a pessoa já chega com o passarinho muito doente.

Enfim, é isso que tinha para falar com vocês. Lembrando que a nova clinica já esta em funcionamento. As adversidades foram muitas ao longo desses quase 6 meses sem uma sede própria. Quem vem me acompanhando ao longo dessa trajetória sabe o quanto sofri, mas nunca desisti de meus objetivos e sonhos. Hoje a clinica ao qual estamos fazendo é um sonho que se torna realidade através de muito trabalho e suor. Valorizem o que é de vocês. Não esqueçam da família e deixo aqui o pensamento do dia que tenta sintetizar essa saga dos últimos meses: O sucesso nunca é definitivo e o fracasso nunca é fatal. É a coragem que conta. Um grande abraço emocionado e ate a próxima!

Dr. Felipe Victório de Castro Bath

   Médico Veterinário CRMV-RJ 8772

Especialista em Biologia, Manejo e Medicina da Conservação dos Animais Selvagens SENAC/RioZOO

 Mestre em Microbiologia Veterinária pela UFRRJ

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